11 de setembro de 2011

VARIANT 1970

Nunca liguei muito para carros, até tive um quando tinha 17 para 18 anos, era um Chevette 88. Chamava ele de Ogromóvel, era época-febre de Malhação, e quem não lembra do Ogromóvel do Cabeção da Malhação?! O meu era tão parecido que dei o mesmo nome. Mas, não durou muito, deixei em casa por uns meses e fui viajar. Na volta tive a triste notícia de que meu irmão tinha pego para usar e esqueceu de checar o óleo e acabou fundindo o motor do carro. Depois disso desencanei, trocava qualquer oportunidade de comprar um outro por uma nova viagem, gostava mesmo era de viajar, seja lá para onde fosse. Sempre achava que o carro desvalorizava, dava muito gasto e uma viagem o contrário, nunca perdia seu valor, suas histórias, só ganhava.
De um tempo para cá, ví a necessidade de ter um carro também. Cansei de perder dias de surf por não ter locomoção, de não poder ir com maior frequência na casa dos amigos, e o Camarão que diga he he he, em festas, churrascos, etc. Sou meio preguiçoso também, admito!
Mas já andei muuuuito de ônibus. Não faço nem idéia de quantas horas já perdi dentro de ônibus. Isso mesmo, por exemplo, para ir de Maresias a Sao Paulo ou vice-versa, demoram 5 horas, isso pra mim é perda de tempo e eu já fiz esse percurso diversas vezes, não aguentava mais.
E é aquela coisa, todo homem quer ter seu carro, além de poder claro, passear com a gatinha, sei lá, ter sua independência.
Eu já nao aguentava mais, e não sei também, como os amigos e as tais gatinhas aguentavam. Toda vez era a mesma conversa: -"Pô, tô a pé, tem como você me pegar?". Se estava com tempo bom, tranquilo, eu sempre dava um jeito, ia até de bicicleta, mas se chovia era a morte, quase chorava...
Quando voltei do México dias atrás, estava decidido que ia comprar um carro, velho mesmo, para que não me metesse em uma dívida muito alta, que pudesse pagar com o dinheirinho que tinha guardado. Pensei em um Fusca.
Lá em Puerto, ví vários caras com Fuscas, a cidade é parecida com aqui, nada é tão longe, que dê pra ir a pé, nem tão perto para que não precise de um carro, e nesse caso um Fusca funcionaria perfeitamente.
Semana passada andando pela Cidade encontrei uma Variant a venda, não era o "tal" Fusca, mas é a prima mais próxima dele. Mesmo motor, mesmo barulho, mesmos funcionamentos, mesmo "praticamente" tudo, só mudava a carcaça. Aquela famosa frase de Bali, same same, but different.
O valor era acessível e quando soube da procedência então, não pensei duas vezes. Liguei para o Sr. Rudolf de 90 anos, Alemão, único dono e que fez questão de repetir várias vezes, " tenho a nota fiscal dela", ou seja, o Sr. comprou ela zero km e cuidou como se fosse uma filha por 40 anos.
Foi amor a primeira vista, não tinha dúvidas, era aquele carro que queria.
Pelo telefone quando liguei, consegui logo de cara um belo desconto, talvez por ter sido educado e paciente com o Sr, que quase não tem mais forças para falar e o mesmo motivo pelo qual está vendendo o carro.
Dois dias depois estava eu indo buscar meu possante. Após duas horas de aulas com Sr. Rudolf que trabalhou na VW durante 8 anos, e quem fazia todas as manutenções do carro, além, de ter ele mesmo inventado um alarme, um sistema que desliga a corrente elétrica contra roubos, dentre dezenas de outras coisas e também, de esperar o choro de sua mulher por estar vendendo a filhinha deles, finalmente pude partir para casa com meu possante!
Tinha campeonato esse final de semana no Guarujá e não pensei duas vezes. Junto com o Mini -"mim", o Igor mas MoraEs aqui de Maresias também, peguei estrada na cara e na coragem. O carro respondeu como eu esperava, não passou dos 100 kms por hora, mas foi-que-foi e voltou, melhor de tudo, sem me dar nenhuma dor de cabeça.
Hoje, canto feliz da vida a música, "Todo homem deveria ter um carro" do Nação Zumbi, que sempre gostei, mas que por um tempo passou a me assombrar.
Ahhhhh e a todos os amigos que sempre na maior boa vontade me deram carona e nunca reclamaram da enchessão de saco, faço questão de retribuir. Levo, busco, dou carona e para alguns até empresto se um dia ficarem a pé!
É isso, essa é a história da minha Variant 1970.
Espero que gostem e se quiserem podem deixar mensagem!